sexta-feira, 12 de abril de 2019

Ser educador...
Já me perguntaram várias vezes se sempre quis ser educadora…
Na verdade, quando era pequena, dizia que queria ser médica 😉
Mas o facto de ter sido tia, muito jovem, com apenas 12 anos, fez crescer em mim um gosto por tudo o que dizia respeito às crianças e ao seu desenvolvimento. Adorava a minha sobrinha e adorava crianças e parecia que tinha muito jeito para elas 😊 .
Assim, quando terminei o liceu, aos 17 anos, candidatei-me e prestei provas nas duas escolas de educadoras que havia na altura em Lisboa, a de João de Deus e a Maria Ulrich. Tendo entrado nas duas, como os resultados da Maria Ulrich saíram primeiro, foi essa que escolhi. Gostei muito da escola e do currículo pois na altura tínhamos vários estágios, uma ampla formação teórica, mas também prática e era-nos dada uma visão muito ampla dos vários modelos pedagógicos em Educação de Infância, formação em psicologia, pedagogia, psicopatologia, saúde e primeiros socorros, entre outras…
Terminado o curso, fiz o ano de estágio, em que se trabalhava já como educadora responsável por um grupo e depressa percebi o quão maravilhosa, mas exigente, era a profissão que escolhi.
Há quem pense que para se ser educador basta gostar de crianças e saber tomar conta delas…
Quanto a mim, estão muito enganados …este é um trabalho que exige múltiplas competências e conhecimentos.
Senão, vejamos:
O educador de Infância é alguém que tem o compromisso de ajudar a desenvolver, em todas as suas potencialidades, um grupo e cada uma das crianças que o compõem responsabilizando-se por promover o seu bem-estar físico e emocional.
Todos os anos organiza o tempo e reorganiza o espaço em que vai trabalhar.
Observa, regista e planeia atividades e estratégias que sejam estimulantes, adequadas a 25 crianças diferentes e únicas, tentando ir ao encontro dos seus interesses e necessidades.
Tem de articular o domínio das expressões, motora, dramática, plástica, musical, o domínio da linguagem oral e abordagem à escrita, à matemática, às ciências e às novas tecnologias, não esquecendo a formação pessoal e social, ajudando à aquisição de valores, à gestão de conflitos, das emoções e à organização do grupo.
Tem de avaliar os resultados, passo a passo e reformular sempre que necessário para que cada criança possa evoluir em relação a si mesma, apreendendo conceitos, adquirindo valores, sabendo gerir as suas emoções.
Tem de saber trabalhar em grupo com todos os colegas, planeando, dividindo e delegando o trabalho em sala com outras educadoras ou auxiliares, criando um bom ambiente, valorizando o trabalho de todos e sendo uma mais valia para a escola e comunidade educativa.
Tem de pesquisar sempre e atualizar os seus conhecimentos.
Tem de estabelecer uma relação estreita com os encarregados de educação, fomentando uma boa relação escola família essencial ao sucesso da criança.
Tem, muitas vezes, que estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas, juntas, câmaras, museus, centros de saúde, etc…
Tem de ter a capacidade física para por vezes correr, saltar, andar de gatas, baixar, levantar, rebolar e brincar, ter bons reflexos e capacidade para conseguir pensar no meio de um ambiente por vezes ruidoso 😉
Tem que ter a capacidade de rir, chorar, emocionar-se...
Em suma, tem de ter gosto em mergulhar no universo da infância, educando com Amor, estabelecendo regras e limites, sempre combinadas com afetos, num ambiente alegre e seguro, criando relações afetivas estáveis e duradouras.
Tem de cativar e ser cativado.
Tem de ser tudo isto e ainda mais, mas mesmo assim eu não trocava esta minha profissão por nenhuma outra e posso dizer que nela, fui muito Feliz.
Tive a sorte de estabelecer relações afetivas tão fortes com as crianças que me foram confiadas, que algumas se mantêm hoje em dia .
Tive na escola onde trabalhei a liberdade de inovar e criar novas formas de trabalhar e essencialmente de promover a boa relação escola família "levando a escola a casa e trazendo a família à escola".
Tive o privilégio de sentir o reconhecimento dos pais, que me mostraram muitas vezes a forma como valorizavam o nosso trabalho 
Obrigada, uma vez mais, a todos os que me acompanharam neste percurso de uma vida, crianças, pais e colegas 

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