Talvez dos textos mais bonitos, mais simples e mais profundos sobre a arte, se se quiser extrapolar para os “leitores” da comunicação visual, quando dizem que não entendem o que um quadro/artista quer/ia “dizer” com aquilo, que “até eu era ...capaz de fazer!”.
Mais palavras para quê?
Pede-se a uma criança: Desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!”
Almada Negreiros, in "O Regresso ou o Homem Sentado - III parte"
Espaço Psicologia, Facebook
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